A MESMICE NO JORNALISMO
Mas um em especial: a mesmice.
Se analisarmos por baixo, cerca de uns 100 alunos formam em comunicação social com habilitação em jornalismo em cada faculdade de Belo Horizonte por ano.
Se considerarmos que a cidade possui 6 faculdades que oferecem tal curso serão por ano, 600 novos jornalistas no mercado, certo?
Então......
Onde serão empregados tantos colegas de profissão em uma cidade onde a oferta de emprego é escassa ou para não falar inexistente?
O mercado não absorve essa mão de obra louca para colocar a mão na massa, ou melhor, na notícia.
E o que tem a ver a mesmice com isso?
É aí que ela entra.
Vocês já repararam que nos principais veículos de comunicação (rádio, TV, mídia impressa) são as mesmas vozes, rostos e nomes?
Ouço o noticiário radiofônico todos os dias por tabela e confesso: o estilo obsoleto, maçante, e igual de se produzir notícias e transmiti-la ao ouvinte com os mesmos timbres de voz incomoda.
Não há renovação. Não há reciclagem de ideias e vozes, rostos, nomes.
Não há chance para a grande massa de jornalistas que sai das faculdades mostrar seu talento.
E se a vaga aparece geralmente é ocupada por filhos, sobrinhos, netos........
Sinto que há um medo generalizado de se contratar pessoas diferentes que trarão novos ares ao jornalismo brasileiro.
É uma pena pois quem perde com isso são as empresas de comunicação, ouvintes, telespectadores e leitores.
Quando cursava jornalismo, os estágios eram em telemarketing de plano de saúde.
O painel de vagas na faculdade vivia vazio.....
Quando alguma vaga "extraordinária" surgia - geralmente uma a cada seis meses- era aquele alvoroço. 50 pessoas enviando seus currículos e rezando para que o concorrente escrevesse o endereço de e-mail errado no envio para ser menos um na disputa.
Quantas vezes escutei: "Belo Horizonte não tem campo para jornalismo. Tem que formar e ir para São Paulo e Rio".
Instalou-se uma cultura que aqui não tem lugar para jornalista.
Prato cheio para a mesmice!
Então acabem com o curso em Belo Horizonte, e porque não em Minas Gerais!
Em minha turma formaram cerca de 40 profissionais.
Hoje, os que trabalham na área não enchem uma mão.
Até quando essa realidade persistirá?
O panorama não é dos melhores, me perdoem os otimistas de plantão.
Aos futuros jornalistas, meus sentimentos.