sexta-feira, 22 de março de 2013

A MESMICE NO JORNALISMO


Temas ligados a profissão de jornalista são recorrentes em minha mente. 
Mas um em especial: a mesmice.

Se analisarmos por baixo, cerca de uns 100 alunos formam em comunicação social com habilitação em jornalismo em cada faculdade de Belo Horizonte por ano. 
Se considerarmos que a cidade possui 6 faculdades que oferecem tal curso serão por ano, 600 novos jornalistas no mercado, certo?

Então......

Onde serão empregados tantos colegas de profissão em uma cidade onde a oferta de emprego é escassa ou para não falar inexistente? 
O mercado não absorve essa mão de obra louca para colocar a mão na massa, ou melhor, na notícia.

E o que tem a ver a mesmice com isso?
É aí que ela entra.

Vocês já repararam que nos principais veículos de comunicação (rádio, TV, mídia impressa) são as mesmas vozes, rostos e nomes?

Ouço o noticiário radiofônico todos os dias por tabela e confesso: o estilo obsoleto, maçante, e igual de se produzir notícias e transmiti-la ao ouvinte com os mesmos timbres de voz incomoda. 
Não há renovação. Não há reciclagem de ideias e vozes, rostos, nomes.
Não há chance para a grande massa de jornalistas que sai das faculdades mostrar seu talento. 
E se a vaga aparece geralmente é ocupada por filhos, sobrinhos, netos........

Sinto que há um medo generalizado de se contratar pessoas diferentes que trarão novos ares ao jornalismo brasileiro. 

É uma pena pois quem perde com isso são as empresas de comunicação, ouvintes, telespectadores e leitores.

Quando cursava jornalismo, os estágios eram em telemarketing de plano de saúde.

O painel de vagas na faculdade vivia vazio.....

Quando alguma vaga "extraordinária" surgia - geralmente uma a cada seis meses- era aquele alvoroço. 50 pessoas enviando seus currículos e rezando para que o concorrente escrevesse o endereço de e-mail errado no envio para ser menos um na disputa.

Quantas vezes escutei: "Belo Horizonte não tem campo para jornalismo. Tem que formar e ir para São Paulo e Rio". 

Instalou-se uma cultura que aqui não tem lugar para jornalista.

Prato cheio para a mesmice!

Então acabem com o curso em Belo Horizonte, e porque não em Minas Gerais!

Em minha turma formaram cerca de 40 profissionais. 

Hoje, os que trabalham na área não enchem uma mão. 

Até quando essa realidade persistirá?

O panorama não é dos melhores, me perdoem os otimistas de plantão.

Aos futuros jornalistas, meus sentimentos. 

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